Longe o tempo devora,
matutino bocejo à espera de um gozar de café
que não está servido na mesa.
Perto o tempo evoé,
enxerto de segundos nas tripas,
no que revolve lentamente.
A pressa está em demorar,
criar tempos no cronograma da pele.
“Não estou com tempo...”
O tempo foi lançado para longe das formigas,
sem o canto das cigarras...
“Não estou com tempo...”
Ele está arremessado para o além,
um lugar muito distante
que vai demorar mais tempo ainda
quando for preciso buscá-lo.
Recolho ponteiros, gravetos desonrados,
viro um espadachim e furo a distância
que há...
Estou com tempo,
atravessei o espelho do mundo
sem ser interrogado pelos projetos do futuro.
Estou no tempo das zonas alérgicas,
espirradas e empenadas,
a favor do pólen que voa longe das luvas inceminadoras.
Tempo do acontecimento que demora a dor e a alegria
de um espinho habitado entre os ossos,
da folha áspera que deixa cataclismas na pele,
do florescer, do nascer de novo numa esquina longa
de ângulos grávidos e mirantes do presente.
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