29/04/2011

Ode a devassidão sem rosto


Ao som de Interpol
Para C. do anoitecer
essa paixão doida dos que vão embora,
levam pedaços de carne,
roubam do amor picareta numa cama solitária
ao lado da bebida que corre teu corpo
e que nunca mais vou encontrar
porque tua sede é tua estrada
e a minha é outra estrada...
apenas quero virar teus seios para dentro da minha boca...
ver teu grito morrer enquanto a noite é só mais uma noite...

essa paixão perdida numa quina de roupa,
dentro dos coturnos que vazam  lágrimas
quando o gozo corre entre os vagabundos que solto da língua
como um álcool que acende as vielas
das putas entre coxas máquinas
que trepidam caralhos
a espera de uma lágrima solta na pele

essa doença de viver, de trepar a loucura
de varrer os teus cabelos como voam
os pólens de uma buceta
quando as línguas levantam  pelo a pelo
o delírio

essa coisa que corre nessas palavras
vagam nuas como um hotel
sem hóspedes
como uma porra presa numa parede
prestes a cair
prestes a acertar suas lágrimas numa
coxa

quero te ver ali, nesses escuros
te molhar inteira sem você ver meus olhos
sem saber que rosto tenho
basta sentir meu pau
basta correr o corpo contra mim


e quero vasculhar teus entres
teus meios, te foder contra uma triste parede,
na impressão de voltar vivo
para abrir teu cu como se abre
o vento com um sopro
enquanto meu dedo bebe tua buceta
num mapa de cama
sem rota
o suficiente para infestar teus seios
aos dentes
e matar meu corpo no teu
como uma tempestade química
que perfura
mente, corpo, impulso

e nada mais que um corpo
jogado ao lado da cama
com nossos gozos entre os dedos
para ofertarmos ao outro
como um banquete de paus e bucetas
e cheiros de sexo
que o tempo esquecerá como marcas
que o corpo “mal esconde”...

2 comentários:

Anônimo disse...

Palavras ardentemente (des)cabíveis para encerrar o desejante abril. - De uma companhia de anoiteceres marítimos

Anônimo disse...

São palavras para poucos. Dedicadas a poucos. Não são só marítimas. São para asas enormes que tomam o mar para si! São o mar! não acompanham, não navegam, não tentam tomar a superfície... são!