03/04/2014

A ponta que está para arrebentar
toca o céu sem saber
que o alvo do pulo
é dissolver

Está vendo aquele objeto
solto no espaço?
É meu aceno que pergunta
onde a cena se arrisca
em desferir a bala no peito

Passou zunindo uma gota
rajada que deixa goteira
onde a chuva responde
estalos no infinito do assoalho

Solitário o sangue
passa de raspão e deixa a carne
no canal da mancha
Bordado de iscas sobre mar

Tubarões iluminam a superfície da música
onde meus pedaços renascerão
tripas unidas vencerão

Piratas me dão preços
aos pedaços sou tripartido

Nem venho à tona após a erupção
para dizer que sou
o próximo tiranossauro encontrado

Conheço muita coluna grega
que não verga
mas racha profundamente

Não minta pra mim
Nos alimentamos no mesmo prato
como uma forma de adeus
Nossos talheres se tocaram
além da razão da fome

Hoje desmamo a bala que levo ao peito



 



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