Vem mulher que deita nas águas
o que os marinheiros veem nas ilhas
Vai mulher roubar a estátua da tristeza
para o fundo de um corte
Vem nos espelhos de um cinema primitivo,
cesto de vidro cheio de rochedos, índios, louva-deuses,
escorpiões
Vai dentro dos dardos, na tua vaguidão dos mários de andrade
perdidos, saia dos adeus, fotógrafa de leões e asas
Vem e avise que o visto das mulatas do di Cavalcanti é meu,
cada beiço, cada punhado de pelo, de suor, de cachaça,
da lambida dos anais do sono
Vai como as mulheres da neve, Japonesas que seduzem os homens ao gelo
Vem e deita fora da cama, ali
onde vou rodar meus tombos
Vai ver o fundo do poço, olhe pra cima (verá Baubo,
a única que fez Deméter rir)
Vem dos poços com as poças nas mãos, teu espelho
cabe na natureza
Vai nascer montanhas mais a cada dente meu
nos teus seios
Vem chorar um sofrer
que não demora o tempo das palavras
Vai para ver o interior da tabacaria,
leve teu terno egípcio
e forre com fumo teu castelo vaginal à noite
Volta de Buenos Aires pela estrada cinza
La Boca não escreve solidões, bebe a rua sem gelo
Vai tal Rimbaud num deserto, profissão da fome,
amas-de-leite esquecem de chorar,
as ruas não marcam os quilômetros, sentem apenas
Vai e Vem, qual chave que não espera
uma porta que lhe caiba
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